31 de março de 2010

Bicho do mato



Se toda liberdade tem seu preço, eu pago pela minha ainda que doa.
Confesso que me cansei do ranço das trocas mútuas
Confesso meu desagrado aos que se deixam esquecer
Pois, se não estão ao meu lado, apenas lhes obedeço a ausência
Cansei de ter de explicar por que minha identidade me tatuou de solidão
Sou bicho do mato e como todo animal selvagem, não se deixa tocar
Como todo bicho arisco, o toque não me alcança.
Fui domada na violenta proposta do não ser
No apoio do claustro
Na auto defesa
No meu nicho, o inimigo não adentra mais
Ainda que ele prossiga envenenando minha presença
Pertenço à raça dos implacáveis na Justiça
Ignoro reviver traumas e feridas do passado
Sou animal absoluto
Meus gritos são ouvidos na planície
Devoro minha presa
Lambo meus beiços
Não divido minha caça
Sou o bicho da gruta
Sou apenas a metaformose da fera
Minha pele de onça está colada ao corpo

Fernanda Luz

2 comentários:

  1. Oi!eu adorei o seu blogger,muito cheio de ti.Parabéns continue escrevendo,quero poder te acompanhar bjs felicidades.

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  2. Obrigada por suas palavras, esse espaço é para isso mesmo...
    Grande abraço

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