6 de janeiro de 2014

Fragmentos

 

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Meu grande desencanto é quando me arrancam da preguiça, da inatividade, do não viver para me despertar com cacos de vidro na língua.
Sinceramente sou tão parca que acredito que fossem me despertar para um mundo reconstruído.

Não entendo seu discurso distraído, assim, como quem não quer nada, me diz bobagens, fala de chinelos esquecidos na chuva, de domingos requentados, de solidão coletiva, de sonhos acumulados em papeis timbrados.

Queria entender melhor o que seus olhos traduzem nessa alma nefelibata, incólume, enevoada…

Por vezes até creio, sinto, intuo que pudesse estar bem melhor depois de anos de reclusão e absurda imersão no vínculo do espelho…

Quando aqui tento recomeçar, me chega disfarçando meu caminho com espinhos sutis.

Sua alma? Não sei se possui, esse seu universo tão do avesso, tão desamor, tão distante do que julga se real.

Eis que me arrancou de mim e exposta novamente estou à dúvida de não me reconhecer.

Não sei se inimigo, se vilão, só sinto que seu grande trofeu é de mostrar ao mundo que me tirou de mim mesma, que me tirou da solitude para refletir sobre seu mundo absurdamente imediato…

E eu aqui, catando restos de palavras pelo chão, pois nem expressar com mansidão sobre o mundo consigo.

Não me entendo, não me sinto, não me reconheço.

Me nego, me calo, perdi a força da vida, pois boa parte das vezes passo o dia me culpando por tudo aquilo que acredita saber de verdade.

Sim, talvez haja me arrancado das certezas, buscado rumores sutis de um passado dolorido.

Não sei se te oferto mel, de repente o mel em sua boca seria o grande veneno para sua morte.

Fernanda Luz

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